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Atlético e Goiás no Brasileiro – Duelo de Titãs que atravessa a História

07/12/2020

A história de Atlético Goianiense e Goiás é uma história de 300 partidas, com 81 empates, 118 vitórias do time verde e 101 do rubro-negro, começou em 1943 com um 5 a 2 a favor do Atlético, em um time que contava com Bariane Ortencio no gol, o querido “Paulistinha”, e ainda Chancão, Pixo e Ari. O Atlético é o único clube que venceu mais de 100 vezes o Goiás, o Dragão teve vantagem no confronto direto, em número de vitórias, de 1943 até o ano de 1995, ou seja, por 52 anos.

Mas hoje o foco dessa Crônica são as histórias e memórias desse “Duelo de Titãs” no Campeonato Nacional e tudo que o envolve. Nos últimos 11 anos o Atlético disputou 5 vezes a Série A, em 2010, 2011, 2012, 2017 e 2020 e o Goiás 6 vezes, em 2010, 2013, 2014, 2015, 2019 e 2020, equilíbrio imenso acerca de quem sustenta a representação de nosso Estado em competições nacionais, isso tudo passa por grandes jogos, jogadores e técnicos em comum, confrontos de tirar o fôlego, em suma, a batalha dos dias de hoje mas que já vem de longa data.

O Dragão Campineiro é o pioneiro goiano em boas campanhas no Campeonato Brasileiro, foi já em 1965 que o rubro-negro, de Jair Porrete, Laercio e Tinda, estreou no principal Campeonato Nacional do país, à época chamada de Taça Brasil, e que dava vaga à Libertadores, e o Atlético foi logo conquistando um 10o lugar, já os esmeraldinos estreariam somente em 1967, ficando na 15a colocação. Em 1968 mais uma vez o Dragão participou do Nacional, com Adalberto, Lico e Zuíno, ficando na fantástica 6a colocação, em uma competição de nível altíssimo, que contava com os principais jogadores do país, campeões mundiais como Tostão, Piazza, Paulo Cesar Cajú e Jairzinho.

O 6o lugar do Dragão em 1968 foi o recorde de melhor campanha de um goiano no Campeonato Brasileiro, perdurando por 28 anos, até o Brasileirão de 1996, quando o Goiás alcançou o 4o lugar. Há de se registrar que os esmeraldinos passaram perto de quebrar essa marca em 1983, quando ficaram na 7a colocação.

E se o assunto é competição nacional é bom lembrar que o Dragão e o Periquito mediram forças em 1971, no Torneio da Integração Nacional, competição com clubes de mais de 10 estados brasileiros, e o rubro-negro levou a melhor. Durante o campeonato tivemos uma vitória para cada lado, mas ao final, quem se sagrou o primeiro clube goiano a faturar um título nacional foi o Atlético, vencendo nas finais a então vice-campeã paulista, Ponte Preta, do goleiro de Copa do Mundo, Valdir Perez.

Daí, logo em seguida, em condições bem polêmicas… assunto para uma outra crônica… o Goiás, à época o clube com menos títulos e torcida da capital, é convidado a participar do Campeonato Nacional de 1973, e se destaca. O brilho do esmeraldino nessa edição tem uma contribuição especial do Atlético, Raimundinho e Paguetti foram cedidos ao Goiás, jogadores e ídolos recém-campeões do Integração Nacional pelo rubro-negro.

Se de um lado o Goiás teve gerações de ouro e aproveitou muito bem as boas relações que lhe permitiram ir a convite para o Campeonato Nacional, fazendo também boas campanhas estaduais, por outro, o Atlético não se intimidava, esses mesmos esquadrões esmeraldinos passavam apertado com o rubro-negro, tal qual podemos ver, entre outras vitórias rubro-negras, um 3 x 2 em 1973, a goleada por 4 x 1 em 1976, os 3x1 em 1978, ou os 3x0 em 1979, onde do lado do Dragão marcavam gols atletas como Traíra, Reinaldo, Aguinaldo, Maurício Tanque (Chegou a marcar 5 gols em um só jogo, goleada por 5 a 2 sobre o Goiás em 1972), Valtair, Baltazar, Rubinho, Bugre... sem se intimidar com quem estava do outro lado: Matinha, Triel, Macalé, Lincoln, Luiz Frasão, Tostão 2, Rinaldo.

Um ponto de encontro nas trajetórias nacionais dos dois clubes é o técnico Paulo Gonçalves, que, no formato de Campeonato Brasileiro pós Taça Brasil, iniciado em 1971, esteve na estreia do Goias em 1973 e também na do Dragão em 1979.

Inicia-se 1980 com o Atlético participando do Brasileirão daquele ano e o Goiás ficando de fora, naquela edição o Dragão fica na 23ª posição. Passados seis anos temos os dois primeiros confrontos entre as equipes pelo Campeonato Brasileiro, em 1986, ocorreram em um mês de novembro, dois empates, 1x1 e 2x2, com públicos de 18.000 e depois de mais de 26.000 torcedores. Era o embate das gerações de ouro dos dois times, das Pratas da Casa… de um lado Fernando Almeida, Valdeir, Nogueira, Marçal, Celio Gaúcho, Juninho (cujo uma fratura abreviou sua carreira) e Ramon e de outro Uidemar, Cacau e Carlos Magno. Aliás esse foi o período em que Atlético e Goiás foram a base da Seleção Goiana de Futebol que ficou em 4o lugar no Campeonato de Seleções de 1987.

Era tamanha a rivalidade e equilíbrio em campo na segunda metade dos anos 80 que o Dragão é Campeão Estadual em 1985 e 1988 e o Goiás em 86, 87 e 89. Destacaram-se entre os diversos triunfos do Dragão dessa época, jogos marcantes como o 3x0 de 1985 e ainda um 3x1 de 1989, onde mediram forças William, Bill, Júlio Cesar Imperador, Palhinha, Jerson, Elisio, Gilson Batata, Ronaldo e Ticão nesses times rubro-negros e Formiga, Tulio Maravilha, Niltinho, Cacau, Gilson Jader, Carlos Alberto Santos, Péricles do lado dos esquadrões alvi-verdes.

Por fim, mesmo com uma trajetória respeitável do Goiás em campeonatos nacionais pós 1973, é inegável que nenhum de seus times, durante essas décadas de ouro do alviverde, ou mesmo qualquer grande jogador do clube esmeraldino, já não tenha sofrido ou perdido um clássico para o Dragão Campineiro, independente dos jejuns de títulos do Atlético à época. O mesmo se aplica para os períodos mais recentes, em 2006 o Goiás disputava o Brasileiro e a Libertadores da América e tinha um time com Vampeta, Welitton, Jadilson,e não escapou de levar um 3 a 0 no Campeonato Goiano, do time rubro-negro que tinha os incansáveis Lindomar, Rômulo e Dida e uma folha de pagamento umas dez vezes menor.

Vários jogadores, ídolos que se destacaram pelo Goiás no Brasileiro, jogaram depois no Atlético, como é o caso de Lincoln e Luvanor, e, por outro lado, temos também casos como o de Romerito, formado na base atleticana e que se destacou no Brasileirão pelo Goiás em 2006 e de Baltazar “Artilheiro de Deus”, prata da casa do Dragão, maior artilheiro da história do Campeonato Goiano, atuando pelo rubro-negro, e que jogou muito bem no Nacional da Série B pelo Goiás no final da carreira.

O Dragão e o Periquito tem uma página a parte de embates nacionais a partir da segunda década do Século XX. Após os confrontos da edição de 1986 as equipes só voltaram a jogar pelo Brasileirão em 2010. O resumo da ópera foi uma vitória para cada lado, mas com felicidade rubro-negra ao final da competição, pois escapou do rebaixamento e viu o rival descer ladeira abaixo rumo à Série B. Em 2016 se encontraram novamente, agora pelo Brasileirão da 2a divisão, e, mais uma vez, a alegria final foi do Dragão, Campeão com uma campanha esplendorosa, com direito a uma goleada de 4 a 2 sobre o Periquito na reta final, e ainda ver o rival amargar mais um ano na Série B. Em 2018 já foi a vez do Goiás comemorar, subiu para a Série A na bacia das almas mas venceu o Dragão duas vezes, que se manteve mais um ano na série B.

E agora, 2020, o que esperar desse Clássico? No primeiro jogo o Goiás levou a melhor, mas… desde o início do campeonato amarga a lanterna da competição. Quem fica? Quem se mantém? Quem ganha?

Aqui pelos lados da Campininha apostamos na raça rubro-negra, nas memórias guerreiras que habitam o Accioly, como aquela passada de geração para geração, daquela manhã de 14 de março de 1954 no Bairro de Campinas, onde o meia Epitacio, o Diabo Loiro, marcou 3 gols na goleada de 6 a 0 sobre o Goiás, a maior da história do Clássico. Acreditamos na aura atleticana que é marcada por atuações como a de Anailson e Juninho naquele 24 de janeiro de 2010, onde esse cronista pôde ver do alambrado a linda vitória do Dragão sobre o Goiás, de virada, por 2 a 1 ao lado de mais de 5.000 atleticanos no Accioly.

Que os Deuses do Futebol abençoem Gilvan, Nicolas, Chico, Zé Roberto, Brandão e todo elenco, com a mesma disposição de Pedro Raul naquele 2 a 1 no Accioly sobre o Goias em 2019, com a paixão de Pituca, Marcio, Marcão e Robston na vitória de 3 a 1 em cima do Goiás na Série A de 2010 no Serra Dourada.

É isso, que joguem como torcemos, e que esse Clássico continue nos trazendo as melhores lembranças, de histórias vistas, de memórias contadas, de passagens registradas !!

Paulo Winicius "Maskote" – Diretor de Patrimônio Histórico e Cultural do Atlético Goianiense, Historiador, Professor, Doutorando em História pela USP, Sócio Proprietário do Atlético. 

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